piątek, 16 października 2009

CABO DA ROCA

mesmo se chao houvesse
a viagem nao teria seu fim
sem destino seria
e so em vao a romaria
evanecente so
se ao fim nao me trouxesse
mais perto de mim

nesta calmaria

ao sol poente

04.10.2009

ALCOBACA

aa INES DE CASTRO debaixo da capa de ardor Cavaleiro das Sombras entre as quimeras da cruz e da espada nesta noite mais escura e incolor mais que aquela noite de todas assombrada em minha armadura de coracao estrassalhado eu rei carrasco eu monge so lembro -me meu amor do teu lenco rendado tuas maos finas e quentes tua candura na minha face abatida me leva minha vida para longe ao MEU REI meu coracao e minha alcova meu ventre que com honra te dei meu amor eterno meu Rei nesta cova nao sinto o inverno que me tem ate o mais longinquo fim mais que ele fere-me o inferno em que quiemas tua alma por mim como buscas aliviar tua dor meu triste amado adorado amigo meu grande amor nao tenhas pressa de ter comigo

A BRASILEIRA


"Para ser grande, seh inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Seh todo em cada coisa. Pőe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"

Ricardo Reis





pelo teu gosto de gente contente
ou de mesas se cotovelando
com os guarda-sois
pelas saudades daquele pais efervecente
verde amarelo e quente- muito- quente
tu quase conseguiste te esparramar
naquela cadeira ao ceu aberto
ao ar
ladeando o giro mas sem toca-lo
da mesma distancia sabia e segura
com que olhaste a vida a fluir
sem nunca perguntar ou discutir
(pois nada teria a te dizer)
no silencioso fruir do momento
no aceite inteiro de cada evento
tu te sentaste logo ali
em frente aaquele cafe dos pensantes
dos sentidos na pele floridos
dos amantes e desanimantes
profundos e coloridos

tu
ca estas ao sol enclausurado
com um bronzeado uniforme eterno
e aquele teu chapeu passado
trajado com o mesmissimo terno
que suas horas exatas conhece bem
e por ventura se tu te escqueces
voltara sozinho para casa
quica ate pela mesma estrada

tu
que nunca te aborreces
ja que nunca procuras nada
pois nunca procuraste o nada
nenhuma coisa acabada
nenhum pacote embrulhado
num abismo
para nao acabar duvidando
de si mesmo
tu nem mais pareces um simbolo
um nome sem seu nascimento
que por ti mesmo nao seja atestado

o pa!
se tu quiseres meu senhor distinto
conosco beber um azeitao tinto
te ofereco um jp e um doce bocado
pois senta aqui bem ao nosso lado
e fala- nos pa do que eh amor
o amor i n c o n d i c i o n a d o
fazendo o favor

TEJO

tanta agua doce e plana
que plana
tanta plana agua doce
mal vejo as ondas que te levam os sonhos
dos herois de outrora
seus medos e suas lagrimas vencidas

livre das beiradas tao distantes agora
uma da outra da outra uma
que mais lembram um lago atrevido
ou uma lagoa amadurecida te acolhendo
o ventre

retiradas as palissadas escravizantes
tuas proprias aguas te acalmam
te levam largo e macio aos encontros secretos
dos nossos olhos na neblina escondidos
para teus prazeres expandido

22.09.2009

CRISTO DO TEJO

da torre de belem te vejo bem
e ate se me parece
que ja te vi antes
nalgum lugar distante
que hoje se me esquece
de tanto e tao alem

mas porque tu nao te desces
um bocadinho sentas
tomas um cha comigo
que se calhar te digo
das minhas tormentas

quisera eu te ter como amigo
teus bracos tao abertos
tao parecidos vejo
la no rio e ca no tejo
so que de mais perto

desce entao daquele teu deserto
e faz pois num instante
o que findou
ser mais adiante
do longe
ser mais perto
do arido
uma fonte
sobre precipicio
uma ponte
de todo desamante
um credulo gigante
do pobre
orgulhoso
do serio
manhoso
do preto
um cidadao
da rosca
um pao
do cimento
um jardim
do meio
mais um fim
do principio
excecao
da pedra
uma mao
do labio
um beijo
uma rima
alucinacao


do aspero
faz cetim
da metade
o eterno
faz intenso
fogoso
o todo poderoso
um voce
faz de mim


e se ainda puderes
de um so
faz dois seres
que do nao
fazem sim

PIRIQUITA


ainda esta la
no mesmo lugar
cheirando a rato
e velho testamento
em frente a um convento
ou a seu lado
com o mesmo chiado
da tagarelada
de gente apinhada
abafada e quente

nao faz mal

de tao deleitada
com a minha queijada
de completamente
acanelada
com um pastel de belem
nao me ocorreu
ser caustica
meu bem

SINTRA

minha byron aspirina
enxaquecas
minhas maos cansadas
noites longas acordadas
minha sina
o meu nada
minha taca transbordada


so para um dia eu poder voltar
aa sua graca

regressei

divina Ela
despretenciosa
mais que bela
charmosa
cafona
orgulhosa
no por cima disso e daquilo
o de baixo nao me toca
no chega pra la a fofoca
a mediocridade ociosa
na lusofonia prosa
farta

quem sobrou
descarta

21.09.2009

MAFRA

colosso de ouro escravo
gratidao monumental ao ceu

antes fosse de gesso
antes contasse o preco
vidas poupasse
pela vida de um filho seu

20.09.2009

ERICEIRA

passeia decotada a beiramar
cocote alva linda sem perdao
a meia noite perco-a na praca
baixo a escadaria me reaparece
de camisola branco - azulao
me pega pela mao e aquece
no labirinto filigrao

mulher que chamam verdadeira
para amar amante primeira
que eh o que eh e nao lamenta
arenosa e aguenta

17.09.2009

ERICEIRA

passeia decotada a beiramar
cocote alva linda sem perdao
a meia noite perco-a na praca
baixo a escadaria me reaparece
de camisola branco - azulao
me pega pela mao e aquece
no labirinto filigrao

mulher que chamam verdadeira
para amar amante primeira
que eh o que eh e nao lamenta
arenosa e aguenta

17.09.2009

AVEIRO

aveiro la
moliceiro!
no velho canal
ja nao ha o que pescar
pa

17.09.2009

COSTA NOVA

dormem em pe ou sentados
de pijama listrado
os palheiros enfileirados

16.09.2009

PORTUS CALE AFFAIR

fitam-se sem fim
Gaia bela do Porto
e ele tao chinfrim

16.09.2009

VINTAGE

uma taca de thawny amadeirada
caramelo frances na ponta da lingua
cai bem para o deleite do brinde que faco
a Cale
cariatide descomfortada

de toda eventualidade
o outro lado

as uvas deste veraneio na grade
da minha varanda calada
ficaram inexplicavelmente doces

o fado

15.09.2009

LISBONENSE

quero banhar meus poemas nestas aguas
de ternas bahias espumantes
trocar-lhes o dessou
e fechar o guardaroupa para o desjejum

escovar-lhes o cabelo em trancas do meio dia
tocado a sinos anonimos
para mim distante

deste pedaco de terra
encostado na estremadura atlante
do lado direito do mundo

so podem voltar

14.09.2009